sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Surgiu Entrevista: Bruno Lima e Maria Azevedo

Tem gente que não acredita na amizade entre um homem e uma mulher. Mas Bruno Lima e Maria Azevedo comprovam perfeitamente que essa forma de amizade existe e é algo tão normal como uma amizade entre pessoas do mesmo sexo. Lógico que a Maria tem um gene especial que permite tal tipo de amizade. Mesmo sendo tão amigos, ainda tem uma porrada de gente pra perguntar e até mesmo pra afirmar que eles estão namorando, e blablablá. 
Em pleno mês "Do Mais Puro Surgiu" deixo aqui, a entrevista de duas figuraças que você vai adorar conhecer. Antes do Surgiu na Hora, a amizade já existia entre eles e tudo isso só ajudou ainda mais na caminhada dos dois.
Todas as perguntas são elaboradas em cima de perguntas de pessoas que seguem a fã page (no facebook) e o blog do grupo.
Com vocês a entrevista dos amigos Bruno Lima e Maria Azevedo.

Blog: Bruno Lima tem 20 anos, é ator a 5 anos e além de atuar é um grande musico e compositor. Quem era o Bruno Lima antes do Surgiu na Hora e quem é o Bruno Lima após entrar no Surgiu?
Bruno: Bruno Lima era... Bruno Lima o cacete. Falar em terceira pessoa é uma merda. Eu era! Desde o ensino médio sempre fui estudante de química. Era estudante de técnico em química. Sempre fui meio nerd, dentro dessas paradas. Até que eu quis estudar mais e me formei em química, e beleza. Fiz um concurso pra trabalhar na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e passei! Resumindo, eu era uma pessoa que tinha muito dinheiro, eu tinha dinheiro pra caramba. Se eu não tivesse saído eu era rico hoje em dia. Eu era inteiramente nerd nesse lance químico. Depois que começou esse lance de teatro que foi uma grande amiga minha que também é minha grande Mestra que é a Nilsen Batista que olhou pra mim e falou: Você é um artista cara! Eu dizia: Não, nada a ver... E ela dizia que eu era um artista. Só ela tinha dito isso, ninguém nunca tinha falado isso pra mim. Todo mundo falava que eu era engraçadinho, e eu dizia que nunca era engraçadinho, eu me achava o mais sem graça do pessoal. De repente por isso que deu certo, às vezes o mais sem graça é o que tem graça! Aí ela chegou e começou a me ensinar, me levou pra turma dela, aí ela falou pra eu ir andar. Pra eu não sair desse caminho. Comecei a estudar teatro, conheci o André e o Bruno (André da Costa e Bruno França) que me convidaram pra fazer um esquete com eles. A Maria eu sempre trabalhei com ela, desde quando eu comecei. Tem bastante tempo que estamos nessa.
Hoje em dia eu me aceito bem mais do que eu me aceitava antes, vai ver é por isso que eu sempre fui meio na minha, meio quieto, aí depois que eu me aceitei tipo que eu me libertei dos meus pudores e estou aí hoje nessa batalha.
Blog: Maria tem 21 anos, é atriz a 10 anos, é a única fêmea do grupo e é considerada pau pra toda obra. Maria o que faz você ter esse espírito de mulher guerreira?
Maria: Gente! Olha...! Não sei, acho que sei lá! Nunca tive essa visão de mim não. É o lance do foco, é a questão de você querer uma coisa. De você ter um objetivo. Lógico que você não vai esquecer o resto das coisas tem esse ar de liberdade, de família, mas a gente nunca esquece o verdadeiro objetivo da coisa. De ser autêntica, demonstrar o que você quer mesmo, porque eu acho que foi só por isso que me chamaram pra estar aqui no grupo, porque eu não sou gostosa, nem um pouco, estou longe disso. Peitinho bonitinho tem né gente? Rolou aí de um nu que eu fiz aí. ARTÍSTICO hein gente! Em uma peça (Peça: A Lua é Minha - Texto: Mario Bortolotto - Direção: Roberto Rodrigues). É ser você, se aceitar, essa parada mesmo. Muita gente gosta muita gente não gosta. Tem coisas que eu falo sem pensar. Guerreira, não. Acho que sou focada. Pra fazer certas coisas a pessoa tem que ter coragem, tipo desistir de um sonho, pra isso eu não teria coragem, quem desiste de um sonho, é anular a si mesmo. E como eu não tenho coragem pra isso, mesmo diante de todas as dificuldades que eu passo. Por isso que eu prefiro dizer que sou focada.
Blog: A primeira participação de vocês no grupo foi em “Por uns ‘Real’ a mais”, Bruno Lima como o Narrador e Maria na parte técnica. Como foi a primeira impressão de vocês trabalhando no grupo?
Bruno: A primeira impressão foi tipo: Que porra é essa! Foi assim, a gente participou de um festival que não tinha prêmio (em dinheiro), aí eles viraram pra mim e disseram assim: O limite é 15 minutos, nós vamos fazer um esquete que vai dar no mínimo uma meia hora, você quer entrar? Aí eu pensei, já não vamos ganhar nada, pelo menos diversão eu ganho, e uns sorrisos pra guardar no bolso. Aí eu aceitei!
A Maria e eu fomos criados com o Marcos Matheus  que é um cara bem rigoroso, com ensaios, horário, compromisso...
Maria: Ator não fica doente.
Bruno: Aí chegamos no Surgiu, a gente lia o texto e eles mandavam a gente embora. Eu virava pra cara da Maria e perguntava: A gente não vai ensaiar não?
Marcaram outro ensaio e daqui a pouco, show, vamos apresentar. Eu disse: Já, dois ensaios? Como que vai ser isso? Aí eles viram pra mim: Problema é teu, entra lá, grita “Extra, Extra!” E vamos embora.
Com o Marcos Matheus  era ensaio de três, quatro horas, quando dava era ensaio sete vezes por semanas. Se faltasse um dia ele ligava e dizia: Você está cortado! Era bem quartel mesmo. E eu estava muito acostumado com esse ritmo. Aí quando entrei aqui e vi que com eles era na vaselina e eu gostei disso, aí eu curti desses caras, vamos ver se funciona, e até agora está funcionando.
Maria: O Bruno roubou minha resposta da primeira impressão, mas foi isso aí mesmo. Eu fui colocada no som, e eu nunca tinha feito som, eles me tiraram da sala, perguntaram se eu tinha como participar. Respondi que nunca tinha feito som, nunca tinha feito luz, nem sei como funciona essa cabine aí. Aceitei, eram dois ensaios pra pegar tudo, me fudendo sozinha, controle remoto na boca, pé no interruptor da luz, tipo contorcionismo, mas foi maneiro. Como o Bruno falou, viemos de um cara bem rigoroso e esse lance de “ator não fica doente” é o caralho. Por que fica sim. 
Bruno: Mãe de ator morre.
Maria: Morre sim! Porque somos humanos... Húmus, o cocô da minhoca. Então é essa parada!
Blog: Pra vocês, o que faz o “Por uns ‘Real’ a mais” ser tão bem aceito pela plateia?
Maria: Nessa questão nós somos assim, é a essência, a gente não mente. É a parte do trabalho onde somos autênticos. É o ser, o fazer, o viver o momento presente.
Bruno: Os demais trabalhos que a gente tem feito, como o “Histórias Saídas de uma Mala”, eu vejo que a plateia costuma aceitar porque a gente faz teatro pra eles, a gente não faz teatro pra agradar ninguém, é sempre pra plateia. É o olho no olho, é o vem dançar comigo, não é olha eu dançar é vem dançar comigo. Por isso que a gente costuma conquistar, seduzir a plateia.
Blog: Como surgiu o convite pra vocês entrarem no grupo definitivamente?
Maria: A gente tava lá, bebendo água, filmando e tal, aí o André e o França chegaram e perguntaram se a gente queria entrar definitivamente no grupo, entra aí, a gente soube que vocês têm outro grupo e tal...
Bruno: Foi quando eu disse do outro grupo: Aquilo lá já era!
Maria: Aí a gente um olhou pra cara do outro e pensou... A gente viu que só tinha a gente no grupo.
Bruno: Os sobreviventes!
Maria: Inclusive a gente convidou o Côbo, ele não aceitou entrar no Surgiu na Hora, mas aceitou entrar no Encéfalo que estava morto, que estava na UTI, aí morreu o grupo definitivamente.
Bruno: A gente ia continuar, mas como surgiu o Surgiu, fizemos uma fusão, ráááááá. E o nome do grupo era melhor, a gente aceitou. O nome do outro grupo era “Encefaloraizados na arte”.
Maria: Não foi a gente que escolheu esse nome, não falaremos quem foi pra não sacanear o coleguinha.
Blog: Antes do Surgiu como vocês falaram vocês faziam parte desse outro grupo teatral. O que faz o Surgiu ser diferente do “Encéfalo”?
Bruno: Era bacana, era todo mundo muito amigo, era formado com lance de turma também, o único brabo era o nosso diretor. Mas a galera era bem turmão mesmo. Tinha aquela questão de ser bem quartel.
Maria: Não pelos atores e sim pelo diretor. O professor assumiu e deu um caminho.
Bruno: O que não é errado! São formas diferentes de cada um fazer. Não tem o certo ou o errado e sim a forma que cada um faz.
Maria: Exatamente! E tipo, aqui tem um lance de mais liberdade, de poder respirar. A galera lá optou por outras coisas e a gente continuou.
Blog: Lima, antes de estudar teatro já estudava musica, inclusive tinha uma banda de Rock’n’Roll. Hoje você conseguiu unir a música ao teatro e tem em mãos a direção musical do espetáculo “Histórias Saídas de uma Mala” e do espetáculo musical “A Leiteira”. Qual desses dois mundos (o teatro ou a música) te enche mais os olhos?
Bruno: O teatro, véio! Assim, a música foi o meu primeiro amor. Desde pequeno Seu Almir, que foi me ensinando teoria, flautinha, Seu Almir que já está com Papai do Céu, e eu sempre curti muito Rock’n’Roll e tal. O Rock’n’Roll é uma boa forma de se expressar, é um dos meus amores, mas o teatro é uma ferramenta melhor de se expressar, e unir o teatro a música foi genial, mas o teatro está no meu tum tum.
Blog: Quando o teatro nasce na sua vida, Maria?
Maria: Assim, eu não sabia que queria fazer teatro a principio. Todo mundo conta que eu brincava muito quando era criança. Eu matava minhas bonecas. Eu via uma cena na televisão e eu ia produzir com as bonecas. Fazia todo mundo brincar. Até aí tudo bem. O meu primeiro professor de teatro passou pela minha sala de aula e fez uma peça, aí eu peguei o contato dele, falei com a minha mãe, mas não chegou a rolar. Uns dois anos depois calhou que eu entrei em uma escola que tinha horário integral, isso no interior de São Paulo. Aí lá esse professor dava aula. Eu me encantei com isso eu tinha uns 9 anos. Além disso, eu fazia capoeira, desenhava, pintava eu sou uma pessoa das artes. Olha aí! (Risos)
Pra desenhar, escrever, pintar, eu tenho que estar inspirada, mas pra fazer teatro não. Não interessa independente de como eu esteja, eu procuro me concentrar,
não preciso ficar buscando nada e nem ficar esperando baixar nada. Estar inspirada, como foi com a logo do Surgiu, eu estava em casa, e veio. Esse negócio de teatro nasce com a gente!
Blog: Bruno Lima que foi aprovado no THE do curso de Interpretação da UNIRIO e pretende continuar trabalhando com o grupo. Sabendo que daqui a um tempo serão muitos trabalhos na faculdade, como você pretende conciliar o estudo com os trabalhos no Surgiu?
Bruno: É a galera aqui é bem flexível. A gente tem um caso aqui. O André mesmo trabalha e é bem limitado.
Maria: UPA 24 horas.
Bruno: Tenho certeza que meus amiguinhos serão bem legais comigo. E eu não só quero como eu vou continuar trabalhando com o pessoal aqui. Não vou ser burguês e o André vai continuar trabalhando no laboratório. (Risos)
Maria: Plantão aos domingos. (Risos)
Bruno: Só tenho que conciliar, porque dá! Tenho certeza que dá. 

Próxima semana tem uma entrevista com os parceiros. Amigos e amigas do Surgiu na Hora.
#20DiasProAniversárioDoSurgiuNaHora

PICADEIRO!

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